quinta-feira, 18 de abril de 2024

Morre o slider Dickey Betts aos 80

Dickey Betts (Fonte: NBC News/ Foto: Fryderyk Gabowicz)

“It is with profound sadness and heavy hearts that the Betts family announce the peaceful passing of Forrest Richard 'Dickey' Betts (December 12, 1943 - April 18, 2024) at the age of 80 years old. 
The legendary performer, songwriter, bandleader and family patriarch passed away earlier today at his home in Osprey, FL., surrounded by his family. Dickey was larger than life, and his loss will be felt world-wide. At this difficult time, the family asks for prayers and respect for their privacy in the coming days. More information will be forthcoming at the appropriate time”.

Foi com essa mensagem divulgada no seu perfil no Instagram que o mundo ficou sabendo da morte do guitarrista Dickey Betts, um dos maiores sliders do planeta, grande compositor e fundador da banda que fundiu o blues com o rock como nenhuma outra, The Allman Brothers Band. 
Allman Brothers foi definitiva em influência para dezenas de outros grupos musicais ao redor do mundo e inovadora em muitos aspectos.  
Simplesmente uma cozinha cheia de suingue com Barry Oakley (baixo), Butch Trucks (bateria) e Jai Johanny Johanson (bateria e percussão). Um tecladista cantor com uma voz de maravilhosa e compositor de mão cheia, Gregg Allman, e uma linha de frente com dois guitarristas duelando até a morte: o não menos cultuado Duane Allman e Dickey Betts. 
Todos na banda compunham e Betts foi responsável por inúmeras canções cujos riffs nos pegamos, do nada, assobiando até hoje, quando andamos pela rua de noite... geralmente bêbados: Revival, In Memory of Elizabeth Reed, Southbond, Jessica, Crazy Love, Les Brers In A Minor e ainda as clássicas Blues Sky e Ramblin’ Man – essa última, um hino à vagabundagem e uma linda homenagem a todos nós que vivemos na estrada.  
Ao mesmo tempo em que mudava a história da música, a própria história da Allman Brothers Band foi acumulando tragédias: Duane Allman morreu em um acidente de motocicleta quando a banda estava no auge, em 1971 na Georgia. Em novembro de 1972 foi a vez de Berry Oakley morrer em um acidente de moto a apenas três quadras onde havia sido a colisão de Duane. Em janeiro de 2017 foi a vez de Butch Trucks tirar a sua própria vida com um tiro de espingarda na cabeça. Ele tinha 69 anos. Após toda uma vida com envolvimento com drogas e álcool Gregg Allman também morreu em 1917 aos 69 anos. 
Com a morte de Betts aos 80 anos, Jay Johhany Johanson é o único remanescente da formação original da mítica The Allman Brothers Band.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Rio das Ostras Jazz & Blues completa 20 edições

Esse ano o festival recebe 25 shows nos palcos Costazul, Iriry e Boca da Barra, sendo 09 bandas internacionais e 05 nacionais.  E ainda shows no Espaço Arthur Maia, a Casa do Jazz. E três bandas de músicos da Região da Costa do Sol e Norte Fluminense no palco São Pedro.

Lachy Doley

Saiu ontem a programação da 20ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, um dos maiores festivais do país, que acontece entre os dias 30 de maio e 02 de junho. 
Esse ano a programação está turbinada e o com alguns retornos. São os casos do baixista Richard Bona, do saxofonista e clarinetista James Carter, o grupo de jazz fusion Spyro Gyra e os blueseiros Tommy Castro e Kenny Brown, e ainda o brasileiro Romero Lubambo.
Aportam pela primeira vez no festival a baixista e compositora polonesa Kinga Głyk e o pianista e cantor australiano Lachy Doley com seu trio. 
O Brasil estará no festival com uma homenagem a Cássia Eller, no show de lançamento do icônico" álbum Cássia Eller & Victor Biglione In Blues, com o próprio Biglione na guitarra, Dudu Lima no baixo e a Taryn Szpilman na voz. O lendário Armandinho Macêdo (ele mesmo, o do trio elétrico), se apresenta com o Chico Chagas Quarteto. O baixista Celso Pixinga se apresenta com seu quarteto no dia de abertura e o Nasi, vocalista da banda IRA, convida a maior banda de blues do Brasil, a Blues Etílicos.

James Carter em Rio das Ostras em 2006. Foto (Jorge Ronald)

Em sua 20ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival apresenta números invejáveis. Ao longo dos anos, às vezes com muita dificuldade devido aos ataques sofridos pelos profissionais que produzem cultura usando a Lei Rouanet, festival apresentou cerca de 600 shows, 100 palestras e workshops para cerca de 1 milhão de espectadores, estimulando o interesse pela música de alta qualidade e criando oportunidades para o público conferir de perto alguns dos maiores nomes do Jazz, Blues e da música instrumental internacional e nacional. 
Durante todo esse período o Festival manteve-se fiel à sua proposta inicial que é focada em formar público, alavancar o turismo, gerar renda, atrair negócios, ofertar cultura, democratizar o acesso ao bem cultural, por meio de sua total gratuidade e fomentar a economia através de sua continuidade.
Segundo estudo ralizado pela comprovado por estudos realizados pela FGV-RJ, pelo SEBRAE e pela Secretaria de Turismo de Rio das Ostras, as últimas 07 edições atestam a injeção de 9 milhões de reais em média nos quatro dias de sua realização, a cada ano. 

Richard Bona em apresentação no Rio das Ostras Jazz e Blues em 2006. (Foto: Jorge Ronald)

Estrtutura - Fazem parte da programação do festival workshops, palestras e oficinas com músicos e profissionais da área cultural; duas praças de alimentação com 18 restaurantes da cidade de Rio das Ostras e área para comercialização de artesanato local com 40 stands (ambos na área do palco principal) de ONGs ligadas a comunidades da cidade. 
A programação paralela acontece Espaço Arthur Maia, anexo ao palco de Costazul traz bandas novas com shows nos intervalos do palco principal. 
O Festival faz ainda o Clube do Vinil, espaço onde os aficionados e colecionadores de LPs poderão trocar ideias, comprar e trocar seus discos. 

Palco São Pedro

 Segue a programação: 

Quinta-feira, 30 de maio
Palco de Iriry, às 14h15 - Kenny Brown Blues Band (USA)
Palco da Boca da Barra, às 17h - Romero Lubambo All Stars Jazz Quartet (USA)
Palco Costazul, abertura às 20h
- Celso Pixinga Jazz Quarteto
- Armandinho Macêdo e Chico Quarteto
- "Cássia Eller & Victor Biglione In Blues"
- Nasi convida Blues Etílicos

Sexta-feira, dia 31 de maio: 
Palco Novos Talentos, às 11h 
A CONFIRMAR
Palco de Iriry, às 14h15 - Kinga Głyk (Polônia)
Palco Boca da Barra, às 17h – James Carter Jazz Trio (USA)
Palco Costazul, abertura às 20h
- Romero Lubambo, Rodney Holmes, Otmaro Ruiz e Mohini (USA)
- Spyro Gyra (USA)
- Lachy Doley Trio (Austrália)
- Kenny Brown (USA)

Sábado, dia 01 junho: 
Palco Novos Talentos, às 11:15 – A CONFIRMAR
Palco de Iriry, às 14:15h – Lachy Doley Trio (Austrália)
Palco Boca da Barra, às 17:00h – Spyro Gyra (USA)
Palco Costazul, abertura às 20:00h
- Afrojazz
- James Carter Jazz Trio (USA)
- Richard Bona (Camarões)
- Kinga Głyk (Polônia)
- Tommy Castro (usa)

Domingo, dia 02 junho: 
Palco Novos Talentos, às 11:15min – A CONFIRMAR
Palco de Iriry, às 14:15h – Tommy Castro (usa)
Palco da Boca da Barra, às 17:00h – Richard Bona (Camarões)

Programação do Espaço Arthur Maia (na Casa do Jazz, anexo ao Palco de Costazul)
Local para 700 pessoas onde 3 Bandas da região, a cada noite do festival, mostrarão seus 
trabalhos durante os intervalos dos shows principais. 
5° feira – A CONFIRMAR 
6° feira – A CONFIRMAR 
Sábado – A CONFIRMAR

domingo, 7 de abril de 2024

Du peixe

Caiçara anda descalso, sente o chão
Bermuda desbotada e pé na areia
Aprecia a paisagem a beira mar
Como diz meu amigo Ademir é pirão de sereia

Corvina, pescada, porquinho e namorado
Sardinha espalmada na grelha uma dúzia e pouco
Bonito, Badejo, vermelho, paru e linguado
É meca com camarão e leite de coco

Tempera a tainha com sal de parrila
Espreme o limão e pica a salsinha
Pimenta no reino não pode faltar
Reserva em baixela de vidro e deixa marinar

Corta o alho, cebola, alecrim e cebolinha
E na frigideira tu torra a farinha
Com manteiga de pote pra ficar molhadinha
Recheia o peixe e amarra com linha

Limão cravo e galego pra fazer caipirinha
Se não tem companhia tu chama a vizinha
Pescador que se preze é bom de mentira
Se ela vem tu solta o molinete e vai dando linha

sábado, 6 de abril de 2024

The Varukers - 01/02/2024 - 74 Club - Santos André

No dia 01 de fevereiro o 74 Club recebeu uma das bandas mais legais de punk rock do mundo. Direto da Inglaterra, The Varukers. Já havia assistido um show da banda aqui em Santos e sentido a energia atômica que ela despende. Mas naquele porão que é o clube de Santo André a pegada foi outra. A coisa foi cara a cara com a banda e a orelha nos amplis. Hardcore no sentido lato da palavra. Enquanto eu batia as fotos os punks batiam na minha cabeça. Foi foda. Mas foi fooooda! Agradeço ao meu irmão Alcemir (Mimi) por ter pago o meu ingresso. Fotos: Eugênio Martins Júnior. 









Este que vos fala flagrado por outro fotógrafo, dedicando GENOCIDE ao nosso ex presidente.   

A 11ª edição do Best of Blues and Rock acontece em 2024 em quatro capitais. Mas vai faltar blues.

 

Eric Gales - Foto: Eugênio Martins Jr

Em 2024 o festival Best of Blues and Rock vai acontecer em quatro grandes cidades: Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo. 
Se em 2023 o festival recebeu shows com Buddy Guy - o maior artista de blues vivo - e Nanda Moura, no campo do blues, esse ano o músico que chega mais perto do som criado no Mississippi é o do Eric Gales. E olhe lá. 
Já produzi um show com o guitarrista de Memphis aqui em Santos em 2006 e estive em dois no festival no Rio das Ostras Jazz e Blues em 2021 e posso dizer com propriedade que o som de Gales ao vivo está bem mais puxado para o blues/rock.
No mais, é porrada na orelha. O Rio de Janeiro recebe as apresentações de Joe Bonamassa e Eric Gales no dia 20 de junho. No dia 21 Kiko Loureiro e Zakk Sabbath, sobem ao palco do Vivo Rio.
No sábado, dia 22 de junho, o festival vem para o tradicional palco ao ar livre na área externa do Auditório Ibirapuera. Di Ferrero é a primeira atração, seguido por CPM 22. Na sequência, as atrações internacionais, Eric Gales, Joe Bonamassa e Zakk Sabbath. 
No dia 23 a capital paranaense recebe o Hibria e Zakk Sabbath. E no dia 24 Eric Gales e Joe Bonamassa, ambos no Live Curitiba.
A última noite do festival será em Belo Horizonte, no dia 25 de junho, com Yohan Kisser e Zakk Sabbath no Arena Hall.
Os ingressos para os shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba começam a ser vendidos na terça-feira, dia 26 de março, a partir das 12h, pelo site da Eventim. Os shows de Belo Horizonte terão a data de início das vendas anunciada em breve pela produção.

Serviço:
Best of Blues and Rock 2024
 
Rio de Janeiro
Local: Vivo Rio 
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo
Data: quinta-feira, 20 de junho de 2024
Horário: 20h30 (portas abrem às 18h30)
Line up: Eric Gales e Joe Bonamassa
Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada)
Data: sexta-feira, 21 de junho de 2024
Horário: 21h00 (portas abrem às 19h00)
Line up: Kiko Loureiro e Zakk Sabbath
Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada)
 
São Paulo
Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Ibirapuera
Data: sábado, 22 de junho de 2024
Horário: 14h00 (portões abrem às 12h00)
Line up: Di Ferrero, CPM 22, Eric Gales, Joe Bonamassa e Zakk Sabbath
Ingressos: a partir de R$ 250,00 (meia-entrada)
 
Curitiba
Local: Live Curitiba
Endereço: Rua Itajubá, 143 - Novo Mundo
Data: domingo, 23 de junho de 2024
Horário: 20h00 (portas abrem às 18h00)
Line up: Hibria e Zakk Sabbath
Ingressos: a partir de R$ 295,00 (meia-entrada)
Data: segunda-feira, 24 de junho de 2024
Horário: 20h00 (portas abrem às 18h00)
Line up: Eric Gales e Joe Bonamassa
Ingressos: a partir de R$ 195,00 (meia-entrada)
 
Belo Horizonte
Local: Arena Hall
Endereço: Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi
Data: terça-feira, 25 de junho de 2024
Horário: 21h00 (portas abrem às 19h00)
Line up: Yohan Kisser e Zakk Sabbath
Ingressos: a partir de R$ 245,00 (meia-entrada)

Zack Sabbath - Foto: divulgação



***Em breve será anunciada a abertura da bilheteria para os shows de Belo Horizonte.
 
Em todas as cidades a classificação etária é de 16 anos, mas menores podem comparecer acompanhados de responsável legal.
Vendas online via: Eventim ou na bilheteria na entrada dos locais, nos dias dos shows.
Importante: adquira seus ingressos na plataforma oficial. 
A Dançar Marketing e a Eventim não se responsabilizam por ingressos adquiridos em plataformas não oficiais de vendas. 

Sobre os artistas:
Joe Bonamassa - Trata-se do principal nome da música parecida com o blues. Um dos músicos mais célebres da atualidade, três vezes indicado ao Grammy e 13 vezes indicado ao Blues Music Award. Lançou mais de 40 discos ao longo da carreira. 

Eric Gales - Nascido em Memphis (EUA), Eric Gales é um incendiário do blues/rock. Ao longo de 30 anos e 18 álbuns, o guitarrista abriu um caminho revigorando o gênero com um virtuosismo e a arrogância do rock que o fizeram ser comparado à lendária figura de Jimi Hendrix. 
 
Zakk Sabbath - Zakk Sabbath é um projeto criado por Zakk Wylde como um tributo à Black Sabbath, formada pelo guitarrista/vocalista Zakk Wylde (Black Label Society, Ozzy Osbourne), o baixista John "JD" DeServio (Black Label Society) e o baterista Joey Castillo (Danzig, Queens of the Stone Age).
 
Kiko Loureiro - Nasceu no Rio de Janeiro, foi criado em São Paulo, e hoje vive na Finlândia. Com passagens pelas bandas Angra e Megadeth, no início de 2017 Kiko se tornou o primeiro músico brasileiro de rock e heavy metal a receber um Grammy.

CPM 22 - Surgiu em 1995, influenciado pelo hardcore melódico - se é que as duas palavras podem residir na mesma frase. Suas músicas são rápidas e... melódicas, com letras que remetem ao cotidiano. 

Di Ferrero - Cantor e compositor foi vocalista da banda de rock brasileira NX Zero, estreando sua carreira solo em 2017. Ganhou diversos prêmios como “Melhor Cantor”, no prêmio Multishow de Música Brasileira, em 2011, e “Melhor Álbum de Rock Brasileiro” no Grammy Latino, em 2009.
 
Hibria - Banda brasileira de Heavy Metal criada em Porto Alegre/RS em 1996. Desde o lançamento de seu álbum de estreia, em 2004, a banda trilha uma jornada de conquistas no Brasil e no mundo. Essa trajetória credencia o Hibria como uma potência do metal, especialmente no Japão, onde os seus lançamentos alcançam primeiro lugar em vendas, atraindo as atenções da imprensa e enchendo as maiores casas de show. 

Yohan Kisser - Yohan carrega no sobrenome o legado do pai, Andreas Kisser, enquanto traça o próprio caminho. Compositor e multi-instrumentista, é graduado em violão pelo conservatório da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, SP. Além de seu projeto solo, o músico integra a banda Sioux 66, formada em 2011.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Espaço Marielle Franco de Santos celebra o samba

 

A.B.E.C.C.A. (Foto: Eugênio Martins Jr)

Arte & Movimento, primeira atividade cultural do ano no Espaço Marielle Franco de Santos já tem data para acontecer. 
Será neste sábado, dia 16 de março, com o tema "O Brasil do Samba".
Trata-se de uma programação voltada à música e ações formativas com artistas e palestrantes mulheres da Baixada Santista.
Durante o evento, acontece o Bazarzinho e Brechó das Marias e, para matar a fome e a sede, teremos o já tradicional churrasquinho de calçada e o boteco do espaço.
Inaugurado em abril de 2022, na Vila Mathias, em Santos, o Espaço Marielle Franco - Arte & Movimento tem como objetivo ser um ponto de encontro para reunir a militância, movimentos sociais, coletivos e todos que somam na luta, servindo de local para reuniões, saraus, encontros musicais e também formação política.

Sol Carvalho (Foto: Eugênio Martins Jr)

Confira a programação:
16h - abertura da casa
17h - roda de conversa sobre samba e seu potencial de resistência com Odair Dias Filho (assistente social, professor universitário e autor do livro Do Batuque à Batida - do samba ao funk como crônica da vida; Bruna Barbosa (historiadora e pesquisadora da história do samba) e Sérgio Capitão (idealizador do  Samba sem Teto).
18h30 - Roda de Samba com o Coletivo Cultural Samba que Segue, com participações especial de Sol Carvalho e A.b.e.c.c.a

O Espaço Marielle Franco - Arte & Movimento fica na Rua Xavier Pinheiro, 281, Vila Mathias (próximo ao canal 3).
Para fortalecer os músicos sugerimos o couvert artístico no valor de R$ 7,00.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Morre Greg Wilson, um dos fundadores do blues no Brasil. Mas seu legado musical viverá para sempre

 

Greg Wilson

Levei um pouco mais de uma semana para escrever esse obituário sobre o Greg Wilson, o guitarrista cantor e compositor responsável por muitas músicas importantes no repertório da Blues Etílicos, maior banda de blues do Brasil.
O principal motivo foi como a notícia da morte de Greg me bateu no sábado, dia 20 de janeiro. Sabia que ele não andava bem de saúde, mas não que sua doença estava em estágio tão avançado. Foi realmente um choque.
O segundo motivo era porque queria ler como a imprensa nacional iria tratar o assunto. Sabendo que o blues não é uma música de apelo nacional, muito ao contrário, em alguns setores da cultura é visto com muito preconceito. 
Imaginei que em alguns veículos a morte de Greg não passaria de uma nota no pé de página. 
Por outro lado, cada vez mais, há o aparecimento de muitos artistas, bandas e festivais espalhados por todas as regiões do nosso país continental, o que me deu uma pontinha de esperança de seu nome seria um pouco reverenciado. 
Mas que nada. Afirmo com todas as palavras recheadas de indignação que, a frieza com que a morte de Greg foi tratada pelos meios de comunicação, não condiz com a grande contribuição desse artista para a música brasileira.
Quando fundaram a banda Blues Etílicos, no começo dos anos 80, Greg Wilson, Flávio Guimarães, Gil Eduardo, Otavio Rocha e Cláudio Bedran fundaram também o blues nacional como conhecemos hoje. 
Fizeram grandes parcerias com Paulo Moura, Noel Andrade, Ed Motta, Vasco Faé, Pedro Luiz (e a Parede), Fausto Fawcet, Bernardo Vilhena e tantos outros.

Blues Etílicos nos primórdios: Otavio Rocha, Gil Eduardo, Cláudio Bedran, Greg Wilson e Flávio Guimarães

Norte-americano por natureza, GReg Wilson veio ao mundo em Tupelo no Mississippi, terra de Elvis Presley, chegou ao Brasil trazido por seus pais, missionários da igreja batista e loucos por música e cuja função era pregar o evangelho a partir do Rio Grande do Sul e depois do Rio de Janeiro.
Estabelecido na cidade onde nasceu o samba moderno, Greg e todos os seus irmãos, também músicos, tiveram contato e se apaixonaram pela nossa música.
E foi nessa encruzilhada da vida musical de Greg que nasceu a Blues Etílicos, apesar de o embrião da banda já estar na ativa quando se deu o encontro entre o norte-americano e os meninos do Flamengo. Mas a Blues Etílicos só ganhou musculatura quando começou a lançar seus discos pela gravadora Eldorado, ainda nos anos 80. 
Misturando blues, rock, samba, música regional e muitos outros ritmos, fazendo versões para clássicos do gênero, cantando em inglês e português com fluência e grandes sacadas temáticas, Blues Etílicos arrombou a porta do rock nacional dos anos 80, fazendo um som que nunca tinha sido ouvido no Brasil. E nem me venham falar em Celso Blues Boy e muito menos Made In Brazil e Ave de Veludo.

Água Mineral, primeiro disco da banda pela Eldorado

A trama tecida por Greg e Otavio Rocha nas guitarras, lastreada pela famosa cozinha etílica e pelo maior gaitista de blues do país, Flávio Guimarães, nunca encontrou precedentes. A conjuração perfeita. 
Gravaram discos excelentes: Água Mineral (1989), San Ho Zay (1990), Blues Etílicos IV (1991), Salamandra (1994), Dente de Ouro (1996), Águas Barrentas (2001- Ao Vivo), Cor do Universo (2003 – com Vasco Faé), Viva Muddy Waters (2007), DVD Blues Etílicos Ao Vivo no Bolshoi Pub (2012), Puro Malte (2012), Blues Etílicos 30 Anos (2015), Noel Andrade e Blues Etílicos (2017), o EP 3000 (2019) e Blues Etílicos 35 Anos (2022). E Greg Wilson ainda gravou um álbum solo em 2012. 
A formação da banda variou um pouco nessas três décadas, com o baterista Gil Eduardo sendo substituído por Pedro Strasser, que por sua vez foi substituído por Beto Werther. E o baixista Cláudio Bedran foi substituído por Cezar Lago.
Minha história com a Blues Etílicos começou como fã, acompanhando a banda nos shows e festivais pelo país. Fiz amizade com os malandros e após um copo de birita aqui e ali, logo estaria produzindo uns shows, entrevistando-os para meus livros, até ser convidado para produzir a cerveja oficial da banda pela minha cervejaria, a CAIS. A Session IPA Blues Etílicos foi lançada em 2021 no Rio de Janeiro, com a presença do Flávio Guimarães. 
O nome Blues Etílicos não é por acaso. A banda carioca é culpada pelas músicas mais legais sobre o líquido dourado que tanto amamos, Puro Malte e Cerveja. Também sobre biritas em geral, 3º Whisky (Guto Goffi, Frejat e Cachimbo), O Sol Também Me Levanta, versão de Canceriano Sem Lar (Raul Seixas). E ainda sobre os personagens e situações urbanas, Na Pele, O Louco da Cidade, Beco Escuro e a lendária Dente de Ouro.  
Uma coisa é certa, e falo isso com muita mágoa e indignação, Greg Wilson adotou o Brasil como sua casa, adorava a cultura brasileira, principalmente a música, nos ensinou a tocar blues, e morreu aqui deixando um legado musical que, na minha opinião, não foi honrado pela mídia brasileira e nem pelos “entendidos”. 
Se depender dos fãs de blues brasileiros esse legado jamais será esquecido. 
Greg Wilson Morreu de câncer em 20 de janeiro de 2023, rodeado de amigos e família em sua Misty Mountain.

Dente de Ouro com o autografado do Greg

Greg Wilson no Festival de Búzios em 2007 (Foto: Cezar Fernandes) 

Tomando uma CAIS com Grreg Wilson, no camarim do Sesc Santos em 2019 

Com Otavio Rocha e Beto Werther

Com Cláudio Bedran e Canal 1